15 de jun. de 2011

ANÁLISE ACADÊMICA - CORRA, LOLA, CORRA!


CORRA, LOLA, CORRA!

Alemanha, 1998
Duração: 81 min

Produção/Direção: Tom Tykwer
Roteiro: Tom Tykwer
Elenco: Franka Potente
Moritz Bleibtreu
Herbert Knaup
Nina Petri
Gênero: Drama, ação

“Corra, Lola, Corra” é um longa-metragem alemão que mostra uma história contada três vezes, e a cada vez, pequenas diferenças alteram por completo o destino de Lola e de todos aqueles que cruzam o seu caminho. Ela e o namorado possuem três chances distintas, e se fracassam, basta começar tudo de novo. Curiosamente, este mesmo tema seria explorado mais tarde em Hollywood em filmes como “Efeito Borboleta”. A frase no início do filme traduz o que o espectador está prestes a ver: "A bola é redonda. O jogo dura 90 minutos. Isso é um fato. O resto é teoria".

Manni (Moritz Bleibtreu), o coletor de uma quadrilha de contrabandistas, esquece no metrô uma sacola com 100.000 marcos. Ele só tem 20 minutos para recuperar o dinheiro ou irá confrontar a ira do seu chefe, Ronnie, um perigoso criminoso. Desesperado, Manni telefona para Lola (Franka Potente), sua namorada, que vê como única solução pedir ajuda para seu pai (Herbert Knaup), que é presidente de um banco. Assim, Lola corre através das ruas de Berlim, sendo apresentados três possíveis finais da louca corrida de Lola para salvar o namorado. É como se Lola fosse um personagem de videogame com “3 vidas” para cumprir sua missão.

O longa, de 81 minutos de duração, mostra uma forma incomum e irresistível de montagem de um filme que, apesar de parecer à primeira vista uma colcha de retalhos passando a jato pelos olhos do espectador, soa completamente orgânico em seu conjunto. A cada fim de uma história, começa outra história, com os mesmos personagens, as mesmas motivações e características, mas com detalhes e decisões que deverão ser tomadas em apenas 20 minutos e farão toda a diferença na vida de Lola, Manni e todos os que cruzam o seu caminho, nessa maratona louca e frenética, marcada por uma trilha sonora techno vigorosa, numa busca imprevisível da salvação do seu amor. Há vários pontos de virada, clímaxes e desfechos que se confundem numa estrutura espiral e circular que permeia todo o filme, isto é, a história acaba sendo retomada continuamente depois de transcorrido todo o seu percurso, mas nunca é retomada como antes, como num espiral, numa clara alusão ao filme “Vertigo”, de Alfred Hitchcock. E a cada volta nesse espiral, é como se Lola estivesse sofrendo um constante aprimoramento através dos próprios erros entre uma corrida e outra, e a cada nova tentativa, estivesse num patamar superior como ser humano: desde a criança tola que não sabe o que fazer e que acaba morrendo violentamente (na primeira corrida), até o ser angelical que salva um paciente terminal dentro de uma ambulância em movimento a caminho do encontro com o namorado, apenas olhando em seus olhos e segurando sua mão. Curiosamente há vários momentos no filme onde os espirais aparecem: no momento dos créditos como uma textura de fundo; o nome do prédio onde está situada a cabine telefônica que Manni usa para telefonar para Lola se chama Spiralle; no início de cada uma das corridas (desenho animado) nas escadarias do seu prédio, como um espiral infinito; e na porta do prédio de Lola há um enfeite em forma de espiral. É bem curioso e intrigante.

O filme também se utiliza do recurso dos flashforwards: são rápidas seqüências fotográficas que representam cenas do futuro de cada pessoa interceptada e que pretendem mostrar para o espectador que dependendo da maneira como Lola os aborda, seus futuros tomam caminhos totalmente diferentes. Por exemplo, a senhora com o carrinho de bebê, que na primeira corrida acaba perdendo a guarda dele, enlouquecendo e tornando-se uma seqüestradora de crianças, na segunda corrida, ganha na loteria, e na terceira corrida, acaba se filiando a uma seita religiosa. Há também os deslocamentos rápidos de câmera e efeitos semelhantes aos de jogos eletrônicos, ilustrando de maneira lúdica e frenética a presença dos templos do mercado na sociedade: o banco, o supermercado, o cassino, os contrabandistas de diamantes, e o maior objeto de desejo do filme: a sacola de dinheiro, que curiosamente aparece em três momentos do filme nas cores vermelhas, verde e amarela (outra mensagem subliminar), e que poderia ser vista como a verdadeira protagonista desse filme, três corridas hercúleas em busca de 100.000 marcos em 20 minutos cada uma.

A trilha sonora que acompanha Lola é frenética, no estilo techno e segue o clima das suas três corridas tresloucadas pela metrópole em busca da solução para salvar seu namorado Manni.

Uma apaixonada, imprevisível e fascinante história sobre o amor e os momentos únicos que podem fazer a vida mudar para sempre, e nos mostram que, muitas vezes, são necessários poucos minutos para decidir sobre a vida e a morte. E são oitenta e um minutos que passam voando, como uma garota de cabelos vermelhos cruzando o seu caminho a 100 por hora. “Corra, Lola, Corra” é um filme muito divertido e interessante, e representa o tempo industrializado, tecnológico e globalizado que vivemos hoje.


Sinopse: Lola (Franka Potente), uma berlinense extravagante e de cabelos vermelhos nos seus vinte e poucos anos, filha de um rico pai bancário, corre alucinadamente durante quase todos os 81 minutos de filme. Sua corrida começa quando seu namorado, Manni (Moritz Bleibtreu), se mete em uma encrenca com mafiosos. Como todos os dias, Manni espera pela namorada Lola, que vai buscá-lo de moto no final do expediente. Neste dia ela não vem. Sem a carona, Manni resolve pegar o metrô levando uma sacola com 100 mil marcos. Na correria, ao sair do metrô, Manni, azarado, esquece a sacola dentro do trem e tem um encontro com seu chefe em 20 minutos para lhe entregar o dinheiro. Desesperado, telefona para Lola que, apaixonada, sai em disparada correndo pelas ruas à procura do dinheiro. O problema é que ela só tem 20 minutos para isto.



UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
LABORATÓRIO DE COMUNICAÇÃO
Aluno: Michel Pegas Maluf
Prof. Erica Ribeiro


Trailer oficial do filme:

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