15 de jun. de 2011

ELA ESTÁ SORRINDO. ELA ESTÁ FELIZ?

Análise sobre as personagens Katherine Watson e Elizabeth Warren em “O Sorriso de Monalisa”

A quebra de paradigmas é sempre uma questão difícil de solucionar. Tanto para o ensino de Syd Field sobre produções audiovisuais, quanto para as questões cotidianas, essa decisão pode mudar o curso e o resultado final. Quando nosso sonho está próximo de ser realizado e percebemos que não é bem da forma que pensávamos, tomar a decisão de continuar e quebrar paradigmas ou desistir de nosso sonho, não é uma coisa fácil de decidir.

É assim que se vê a personagem de Julia Roberts, Katherine Watson, em “O Sorriso da Mona Lisa”. Durante toda a sua vida, ela desejou lecionar em Wellesley, a escola mais conservadora do país. Quando a oportunidade apareceu, uma vaga no departamento de História da Arte, ela se empenhou ao máximo até ser contratada.

Sem prestígio, pois não se adequava aos costumes da época (1953), destacava-se por sua inteligência que sobrepujava tal condição. Contudo, encontra-se totalmente desafiada por uma classe de moças inteligentes e dedicadas aos estudos, que com comportamento hostil, deixam-na desnorteada e sem rumo em sua primeira aula. Além de tudo percebe que estava sendo observada por um dos membros da diretoria da escola, e, naquele momento, entendeu que teria que mudar sua maneira de dar aula e se adequar a escola, a classe, ao seu estilo profissional e ao seu caráter.

Contrapondo-se com a personagem principal, Katherine Watson, a antagonista, Elizabeth Warren, vivida por Kirsten Dunst, quer seguir a vida exatamente de acordo com as normas da sociedade na época. Criada rigorosamente para seguir a tradição, tem em sua mãe manipuladora a “palmatória” que não deixa atitudes conflitantes com os costumes, passarem despercebidas, exigindo que seu comportamento corresponda ao que lhe fora ensinado.

Agindo dentro das expectativas da época, tornou-se, assim como sua mãe, a juíza do certo e do errado. Através do jornal da instituição, disseminava suas idéias conservadoras, e destilava seu veneno contra qualquer pessoa que pudesse macular suas convicções. Interferia na vida de suas amigas, com atitudes manipuladoras e até cruéis, para impedi-las de agirem por conta própria e quebrarem os tabus impostos pela sociedade, defendidos a todo custo por ela.
Ao ver quebrado o seu sonho de vida, que seria casar-se em grande estilo, ter uma casa mobiliada com artigos de primeira linha, projetar filhos e cuidar de sua vida doméstica, encontra-se, no final da história, totalmente diferente de como imaginou. Ela sai da posição de antagonista - configurada pelos ataques a Profª. Watson e a tudo o que ela representava com sua visão progressista da vida, para a de admiradora - demonstrada pelo entendimento de sua proposta de ver além da imagem, que a leva a mudar de vida, tornando-se uma seguidora dos conselhos de Katherine Watson.

A professora Watson demonstra bem seu pensamento com relação possibilidade da quebra da cultura de Wellesley, no diálogo com uma de suas alunas, Joan Brandwyn, vivida por Julia Stiles, cujo assunto é sobre onde cursará a faculdade de Direito, um dos interesses da aluna. O plano da aluna após sua formatura é casar e cuidar da família. A professora por sua vez, destaca a possibilidade de fazer as duas coisas, cuidar da família e avançar da carreira profissional. Mas na verdade a aluna já tinha pensado nisso, e já possuía todas as informações necessárias sobre a faculdade e seu curso. Isso significava que mesmo com todos os costumes impostos pela sociedade, elas sabiam que poderiam romper os limites. A chegada da Srtª. Watson fez com que elas externassem a compreensão de suas possibilidades, que estavam para além de somente casar, cuidar de casa, marido e filhos.

Apesar de seu pensamento revolucionário, podemos vislumbrar seus desejos de vínculos tradicionais, como romantismo, fidelidade, casamento e família, demonstrados em seus relacionamentos no filme. Contudo, sua posição visionária e moderna, faz com que as pessoas a vejam com alguém que ataca essas possibilidades, e não como uma pessoa que quer abrir novos horizontes além dos já existentes.

Um artigo de autoria de Elizabeth Warren publicado no jornal de Wellesley, atacando ferozmente seu comportamento, é o estopim de sua decepção, que a leva ao desabafo com a declaração: “Curso de boas maneiras, disfarçado de escola!” em sua última aula.

No final, a Profª. Katherine Watson, apesar de não continuar na escola Wellesley, percebe que fez a diferença na vida daquelas meninas quebrando o paradigma que norteava a escola e a sociedade, e que estava entranhado em suas personalidades. Tanto a Srtª. Watson quanto suas alunas, descobriram que podem desapegar-se de suas convicções e abrir a mente para novos horizontes, se expondo a novas emoções, saindo do lugar comum. “Além da tradição, além da definição, além da imagem.”


Trailler

ALUNOS:


Aline Pires Santos

Rafael da Silva Lima

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